“
Quando
tá tudo indo bem, eu sempre tenho a sensação de que alguma coisa, no
fundo, tá muito errada. Sei lá, é como se um relacionamento saudável
fosse impossível no meio dessa merda toda, e quando eu não posso ver os
erros, eu fico com essa certeza de que estou sendo enganada. E fico
procurando, investigando, revirando o mundo pra encontrar os vacilos,
mentiras, motivos pra terminar. Percebe a loucura? É como se ninguém
pudesse me amar e ponto, de tanto colarem o adesivo de ‘trouxa’ na minha
testa, qualquer carinho me parece suspeito. Percebe a tortura? Fico
oscilando entre confiar e desconfiar, querendo viver uma história leve e
sempre me afundando nas minhas neuroses e cicatrizes. E homem nenhum
aguenta isso, homem nenhum percorre meu labirinto até o fim. Mas como eu
poderia me entregar, sem antes saber se posso ir inteira? Como posso
confiar de novo, sem saber se vai ser realmente diferente? Quero alguém
que rompa meus lacres, não que me lacre mais! E sigo estragando tudo, só
pra não ficar pior depois. Quando eles finalmente se cansam e caem fora
porque eu sou louca de pedra, eu fico satisfeita. Volto pra fossa por
um tempo, sem mistérios, já conheço bem o lugar e a porta de saída. E
penso “Viu, sabia que eu tava certa”. Talvez eu até esteja errada, mas
que se dane. Se uma pessoa não tem paciência nem pra conquistar minha
confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar então? Sou
quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um jogo
mais fácil. Eu supero e agradeço.”
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